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Por Eduardo Pena

Muitas pessoas quando veem relatos bíblicos como o Dilúvio de Noé, a Torre de Babel ou a história de Sodoma e Gomorra, imaginam Deus como um grande destruidor e usurpador da vida. Imaginam um “deus” irado que simplesmente não suporta os erros dos homens. Um “deus” que parece não se importar em poupar vidas.

Assim, entra uma importante discussão nesse pensamento. Sendo Deus o Criador, destruir não seria sua marca evidente. Criador, e não destruidor. Criar, ordenar, manter, sustentar são, sim, suas características identificatórias. Se não fosse assim, seria mais parecido com o diabo.

A história do Dilúvio, por exemplo, é uma história de juízo ou de salvação? Trata-se de justiça ou de misericórdia?

Aqueles que olham pelo prisma da justiça e do juízo acabam lidando com a dificuldade de não jogar a responsabilidade para os ombros de Deus. Um Deus todo poderoso seria injusto por não impedir que tais coisas acontecessem. E mais, como explicar o caso em que a ação “destrutiva” vem direto Dele.

Gênesis 3 talvez seja chave importante para essa discussão. Dentre as diversas informações do texto bíblico, tem duas que merecem nossa atenção.

A primeira relata o movimento do homem em contrariar a voz de Deus, indo na direção contrária à sua indicação. Lançando mão do arbítrio dado pelo próprio Deus, decide pela vida independente d’Ele – como se isso fosse possível. Desejando ter o poder de Deus, o homem perdeu a capacidade de lidar com vida sem a mácula do salário da sua escolha: A morte. “Certamente morrerás” passa ser a construção possível à humanidade agora caída – queda que afeta todo o sistema da criação, que fica aprisionada por causa do homem.

Isso explica, por exemplo, o clima de guerra da criação com os homens. A relação nossa com a natureza é uma relação em conflito desde então. A capacidade de produzir morte e destruição é a nossa marca nesse planeta que já foi referência de um equilibrado e próspero jardim. Ou seja, o problema ambiental do planeta é moral.

A segunda informação é que Deus, surpreendentemente, em vez de pronunciar a sentença de morte – já alertada anteriormente – pronuncia uma sentença de vida. É justamente em meio à queda da humanidade que Deus anuncia uma mensagem de redenção. Alguém viria na história dos humanos para resolver o problema criado pelo ciclo de morte escolhido pelos homens. A cabeça da serpente – imagem do mau – seria esmagada e o efeito da sua influência maléfica seria extirpado.

Ou seja, é em Gênesis 3 que Deus anuncia que não iria abandonar a humanidade rebelde. Que Ele estaria buscando caminhos entre nós para impedir que morrêssemos sem uma saída. O capítulo 4 de Gênesis é uma denúncia de como nós não daríamos conta de conduzir nossa história. Caim é o porta-voz da nossa inclinação. Daí pra frente a história dos homens é uma história de movimentos redentivos de Deus, que vai culminar com vinda de Jesus.

Se a história dos homens fosse apenas juízo, não existiria o versículo 15 de Gênesis 3. Mas a nossa história é marcada pelos atos misericordiosos de Deus. Frutos dos atos do Seu amor em nosso favor: Arca, Mar Vermelho se abrindo, Decálogo, Maná no deserto … a cruz de Cristo. Expressões do amor do Criador se movimentando em nossa história para escrever uma história de redenção que aponta para novos céus e nova terra. Até lá, parece que Deus sempre acredita no recomeço; o renovar da vida; de ver Noé descendo da arca com sua família, passando pela porta que Ele mesmo fechou e abriu!

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